Pela primeira vez, desde 1995, nenhuma emissora de TV aberta ou fechada está exibindo as competições dos Jogos Pan-Americanos, que acontecem em Santiago, no Chile. Confesso que fiquei um pouco decepcionada e acredito que houve pouca consideração com umas principais competições esportivas.
Mas o que isso nos mostra com relação ao mercado de streaming no país?
Antes de tudo, vamos entender os motivos pelos quais não temos uma cobertura televisiva. Sem entrar em questão polêmicas, em resumo, a ausência de cobertura de TV do Pan-Americano no Brasil se deve a questões financeiras. O valor solicitado pela PanAm Sports, que organiza a competição, foi considerado elevado pelas principais emissoras de televisão do país.
Desta forma, o Comitê Olímpico do Brasil – COB – tomou a iniciativa de adquirir os direitos do Pan-Americanos no Brasil, utilizando recursos próprios. Esses direitos, por sua vez, também foram cedidos à Cazé TV para garantir a transmissão, levando a uma mudança significativa na forma como o evento é apresentado ao público brasileiro. Assim, o COB tem feito as transmissões, de maneira simultânea pelo Canal Olímpico e pela plataforma do Time Brasil no YouTube. E a Cazé TV pela Twitch e o YouTube.
Para os fãs de esportes, que cresceram acompanhando eventos esportivos tradicionais na TV aberta – assim como eu – a transição para a cobertura online pode parecer estranha, já que a televisão desempenhou um papel significativo no apoio ao esporte brasileiro e na construção de conexões emocionais com os eventos esportivos.
A cobertura de eventos esportivos, como a Copa do Mundo, os Jogos Pan-Americanos e as Olimpíadas, na televisão aberta, tem a capacidade de unir as pessoas em torno de um interesse comum. Quem nunca acompanhou uma Copa do mundo em casa, com familiares e amigos em frente à TV?
Tenho certeza de que muitos guardam, até hoje, as memórias das competições que consagraram grandes nomes, como o velejador Robert Scheidt; as ginastas Daiane dos Santos, Jade Barbosa e mais recentemente Rebeca Andrade; Alison dos Santos e Adhemar Ferreira da Silva, do atletismo; Filipe Toledo, do surfe; Isaquias Queiroz, da canoagem; César Cielo, da natação; Maurren Maggi, do salto em distância; e a nossa fadinha do skate, Rayssa Leal; entre tantos outros.
A televisão aberta torna o esporte acessível a um público de diferentes faixas etárias e classes sociais, permitindo que as pessoas se identifiquem com seus atletas e se inspirem em suas realizações. Por outro lado, é inegável a crescente importância do streaming e a ampliação de coberturas de esportes menos populares, competições regionais e nichos específicos.
Os serviços de streaming oferecem opções personalizadas e flexíveis para os espectadores, permitindo que as pessoas acessem conteúdo esportivo em uma variedade de dispositivos, incluindo smartphones, tablets e smart TVs. Sem falar na possibilidade de escolher o que se quer assistir, quando e onde estiver.
Neste sentido, o streaming pode ser especialmente valioso para gerações mais jovens e para aqueles que preferem um controle maior sobre sua experiência de visualização. No entanto, as emissoras de TV continuam desempenhando um papel crucial na promoção do esporte brasileiro. Então, é importante que as emissoras tradicionais e as plataformas de streaming encontrem maneiras de coexistirem e aprimorarem suas ofertas.
O equilíbrio entre a tradição da TV e as vantagens do streaming é um desafio. As emissoras precisam entender a necessidade de adaptação para atender às expectativas do público moderno e cada vez mais diversificado. E o streaming pode aprender com a experiência televisiva, para melhorar suas coberturas esportivas, com participações de especialistas dos diversos esportes e comunicadores mais preparados.
Ambos têm seu lugar na indústria de mídia esportiva.
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